a vCristãos sofrem constantes manifestações
de perseguição do Partido Comunista
A batalha começou quando o governo
chinês retirou uma cruz de metal no topo de uma igreja cristã na pequena aldeia
de Wuxi, cerca de 480 ao sul de Xangai. No dia seguinte, um membro da igreja
usou sua própria máquina para soldar uma nova em seu lugar. Ele foi detido e
interrogado por 10 horas, acusado de operar uma solda sem licença.
Uma semana depois, funcionários
contratados voltaram a remover a cruz. Pouco tempo depois, os membros da igreja
colocaram outra no lugar, embora fosse um pouco menor.
Como retaliação, a igreja teve a água e
a energia elétrica cortada. Funcionários tentaram instalar câmeras de
vigilância no templo. Começaram a interrogar vários dos membros da igreja sobre
o local onde trabalhavam e que escola seus filhos estudavam. Na China essa é
uma forma comum de avisar que as famílias estão sendo vigiadas de perto.
Mas a congregação não está desistindo.
“Eu não vou deixá-los tirar a cruz, mesmo que isso signifique que irão me
matar”, declarou Fan Liang’an, 73, cujo avô ajudou a construir a igreja em
1924.
Em toda a província de Zhejiang, as
autoridades já retiraram cruzes em mais de 130 igrejas. Em alguns casos, o
governo derrubou os templos, classificados como “irregulares”, embora muitos
tenham toda a documentação necessária para operar. As autoridades negam que
eles estão perseguindo os cristãos, e alegam que milhares de outros prédios no
país foram demolidos por irregularidades nas construções, embora elas nunca
sejam especificadas.
Mas os líderes da igreja da província
afirmam que existe uma clara campanha para reprimir o cristianismo, que tem
crescido ali de maneira especialmente rápida nos últimos anos. Desde que o
presidente Xi Jinping assumiu o cargo, no início de 2013, Pequim tem colocando
mais restrições à imprensa, aos advogados de direitos humanos e ativistas
políticos (categoria que inserem muitos pastores).
A provável razão dessa perseguição ter
começado na província de Zhejiang é seu alto índice de templos, são cerca de
quatro mil. Sua principal cidade, Wenzhou, com 8 milhões de habitantes, possui
tantas igrejas que é chamado de “a Jerusalém da China”. Mais de um décimo de
seus moradores são evangélicos. Segundo Cao Nanlai, antropólogo que estudou e
escreveu um livro sobre o cristianismo na região, trata-se da maior proporção de
qualquer grande cidade chinesa.
Durante muito tempo o governo até
incentivou as igrejas da região a aumentarem seus templos, como uma maneira de
chamar a atenção e investimento de cristãos chineses no exterior. Grandes
templos foram erguidos e um deles tem uma cruz de 63 metros de altura.
Mas desde o ano passado, as autoridades
começaram a pedir as igrejas para não iluminar suas cruzes à noite. Os pastores
locais afirmam que foram alertados por funcionários do governo que o objetivo é
eliminar todas as cruzes do país. As autoridades deixam em paz os templos que
aceitaram a remoção, mas tem ameaçado aqueles que resistem.
Yang Fenggang, professor de sociologia
da Purdue University é especialista em assuntos religiosos na China acredita
que trata-se de uma “prova de força” do Partido Comunista. “As autoridades
pretendem humilhar os cristãos derrubando o seu símbolo mais sagrado”, afirmou.
“A cruz é a glória dos cristãos”,
explica Cai Tingxu, que deixou sua loja de cosméticos em Xangai para proteger a
igreja de cidade natal na província de Zhejiang. “Jesus foi pregado na cruz por
nós. Meu coração doeu ao saber que o governo quer retirar a cruz”. Ele é uma
das centenas de pessoas que se revezam em frente ao templo tentando evitar que
a cruz seja removida e a igreja destruída.
“A cruz é a nossa vida, e não há espaço
para concessões”, disse o pastor Xie Zuokua. Ele e os membros de sua igreja
também querem impedir que seu templo seja afetado pela resolução do governo.
As estimativas sobre o número de
cristãos na China variam muito, pois o governo comunista alega que o país é
ateu e não contabiliza oficialmente a afiliação religiosa. Segundo dados de
2010, seriam 23 milhões de cristãos (evangélicos e católicos). Esses são apenas
os membros registrados das igrejas sancionadas pelo estado, que são
acompanhados de perto pelo governo.
O Centro de Pesquisas Pew estima que
havia 58 milhões de evangélicos e 9 milhões de católicos na China em 2011. Eles
são membros das chamadas igrejas subterrâneas, que não possuem templo e se
reúnem em segredo nas casas ou ao ar livre. Missionários que trabalham no país
acreditam que esse número seria de, no mínimo, 100 milhões.
Fonte: CPAD News